Um encontro surpreendente no caminho de Jaca

Um momento que irei para sempre recordar foi quando encontrei à beira da estrada um grupo de monges. Não seria de estranhar se estivesse na Tailândia ou Camboja. Mas este encontro aconteceu no caminho de Pamplona para Jaca, nos Pirenéus Espanhóis. Mais propriamente junto da barragem de Yesa.
A paisagem era estranha, desértica. A certa altura parecia lunar, com cores acinzentadas e cremes. O céu estava melancolicamente nublado. Apenas algumas árvores davam um toque de vida e cor àquela moldura, conjuntamente com o lago esverdeado do fundo do vale. As texturas e cores pastel não combinavam naquela tela e estava a comentar isto mesmo com a Telma (uma das minhas grandes companheiras de viagem), quando surpreendentemente vejo um grupo de monges, sim daqueles de cabeça rapada, vestes longas escuras e chinelos no dedo. Surpresa perguntei: “Aquilo são monges? O que é que eles fazem aqui? Vamos parar? Será que podemos falar com eles?”
Não resistimos, largamos o carro à beira da estrada e lá fomos nós falar com os monges. Primeiro perguntamos se podíamos falar com eles, muito calmamente esboçaram um sorriso e disseram que sim, e ali ficamos nós a conversar e tentar perceber quem eram e qual a razão por ali estarem.
Foi certamente um dos momentos mais surpreendentes e pacificadores da minha vida, eles transmitiam uma paz tão profunda que ainda hoje quando me lembro da situação esboço um sorriso de orelha a orelha de felicidade.
Conversamos com o John e os seus dois amigos vietnamitas, os restantes monges estavam no vale a tomar banho no que pareciam ser as ruínas de umas antigas termas. Disseram-nos que estavam ali a descansar uns dias, que aproveitavam para fazer caminhadas e descontrair, no fundo estavam a ter as férias merecidas, pois o último ano tinha sido muito cansativo com muitas viagens e meditações.
John, que aparentava ter menos de trinta anos, e pinta de surfista, contou-nos que era professor na Austrália, país de origem. Como não estava contente com a sua vida, e queria aprender mais sobre si e os outros, de forma a ajudar a sociedade, decidiu ir viver durante cinco anos para Plum Village em França (http://plumvillage.org/).
O mais importante é que tinha encontrado a felicidade e esta era visível e contagiante, muito calma e tranquila.
Nesta comunidade também vivem mulheres, que na mesma altura estavam a passar umas merecidas férias nos Alpes.
Depois de uma agradável conversa, onde também falamos sobre nós e a nossa viagem, tiramos umas fotos. Ao voltar para o carro, ainda meio atordoadas com aquela situação toda, fizemos um vídeo engraçado.

Há momentos em viagem e na vida tão inesperados que só por isso se tornam inesquecíveis.

Há momentos em viagem e na vida tão inesperados que só por isso se tornam inesquecíveis.

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